Não é segredo que pessoas com diabetes mellitus precisam fazer uso de medicações para ajudar no seu controle glicêmico, os chamados antidiabéticos. Porém existem vários tipos de medicamentos, cada um com seu mecanismo de ação específico! É muito importante saber como cada um desses medicamentos age no nosso corpo para entendermos melhor sobre o cuidado do diabetes. Porém, primeiramente, vamos relembrar qual a diferença entre os dois tipos de diabetes?
Diabetes mellitus tipo 1: O sistema imune da pessoa ataca as células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Sem insulina, o corpo perde a capacidade de controlar a utilização de glicose pelas células, o que resulta em seu acúmulo na corrente sanguínea.
Diabetes mellitus tipo 2: A pessoa perde sensibilidade à insulina, ou seja, por mais que ela seja produzida, as células do corpo não conseguem receber o sinal para regular a utilização de glicose, resultando no acúmulo de glicose no sangue.
Agora que relembramos os tipos de diabetes, podemos seguir a explicação sobre as três classes de medicamentos mais utilizados no tratamento dessa doença:
a) Metformina (ou glifage): é um sensibilizador à insulina, ou seja, ele permite que as células recebam o sinal da insulina para deixar a glicose entrar. Esse medicamento não promove uma maior secreção de insulina e, consequentemente diminui o risco de hipoglicemia. Ele é geralmente o primeiro fármaco receitado para pacientes com diabetes tipo 2.
b) Sulfonilureias (glibenclamida, glimepirida ou glicazida): é chamado de “secretagogo de insulina”, o que significa que esse medicamento promove a liberação de insulina pelas células beta do pâncreas. Por aumentar a secreção de insulina, esse fármaco pode causar hipoglicemia, sendo recomendado para pacientes com diabetes mellitus tipo 2 geralmente quando a metformina já não é mais tão eficiente. Outro efeito adverso desse medicamento é ganho de peso.
c) Insulinas (NPH, regular, glargina ou lispro): esse medicamento é utilizado por pacientes com diabetes mellitus tipo 1 e por alguns pacientes com diabetes mellitus tipo 2 em estágios mais avançados da doença, em que os fármacos citados anteriormente já não são mais tão eficientes no controle glicêmico. Como esses pacientes ou não produzem insulina ou perderam sensibilidade a ela, esse fármaco deve ser injetado no corpo, por via subcutânea, para compensar. Existem vários tipos de insulina, tópico que, futuramente, abordaremos em nosso site!
d) Há outras classes de medicamentos antidiabéticos que consideramos importantes, porém não são tão utilizados quanto os citados anteriormente. A dapaglifozina e a empaglifozina são uma classe de medicamentos novos que melhoram desfechos cardiovasculares em pacientes com e sem diabetes. A liraglutida também é uma classe de medicamentos novos que melhoram desfecho cardiovascular em pacientes com diabetes, além de ajudarem na perda de peso. Ainda são medicamentos pouco utilizados pelo seu preço elevado e pela indisponibilidade no SUS, mas que apresentam um potencial muito grande de melhorarem mortalidade por doenças do coração nos pacientes com diabetes.
Além disso, pessoas com diabetes comumente utilizam outros medicamentos para tratar outras doenças associadas ao diabetes (como obesidade, hipertensão, dislipidemia) ou para tratar algumas das complicações da doença (como problemas no coração ou nos rins). Você já ouviu falar ou faz uso de algum deles? Sabe para que funcionam?
a. Inibidores da ECA (ex: enalapril) e bloqueadores dos receptores da angiotensina (ex: losartana): São medicamentos cuja função principal é reduzir a pressão arterial sistêmica. Nos pacientes com diabetes, entretanto, esse fármaco tem uma função muito importante: reduzir a perda de proteínas na urina e proteger o rim dos efeitos do diabetes. Além disso, esses medicamentos são muito importantes após infarto ou nos pacientes com insuficiência cardíaca pois evitam o remodelamento cardíaco. É importante lembrar, contudo, que os mecanismos de ação dessas duas classes de medicamentos são parecidos e que não devem ser administrados juntos.
b. Anlodipino: é um medicamento da classe dos antagonistas do canal de cálcio, cuja principal função é reduzir a pressão arterial sistêmica. Além disso, apresentam efeito dilatador nas artérias coronárias, que são vasos que irrigam o coração. Por causa desse efeito, ajudam nos pacientes que apresentam angina (dor no peito devido à falta de sangue no coração).
c. Diuréticos (hidroclorotiazida e furosemida): são medicamentos que agem em diferentes partes do rim, promovendo a perda de maior quantidade de líquido na urina, efeito chamado “diurético”. Isso permite que, além de diminuir os níveis de pressão arterial sistêmica, seja possível reduzir a retenção de líquidos no corpo, muito comum em quem apresenta insuficiência cardíaca
d.Estatinas (sinvastatina, rosuvastatina ou atorvastatina): são medicamentos utilizados para a redução do colesterol ruim nos pacientes com níveis alterados de colesterol, também chamada de “dislipidemia”. Esses medicamentos apresentam função importante na prevenção de isquemia do coração, visto que agem tanto reduzindo a formação quanto estabilizando a parede de placas nas coronárias e em outras artérias do corpo. Também estão indicados para prevenção primária em pacientes com alto risco cardiovascular, conforme a avaliação do médico. Por isso, se você não tiver problema de colesterol e, ainda assim, o seu médico iniciou estatina, não se assuste. É possível que você esteja utilizando para proteger o seu coração.
e. Fibratos: são medicamentos utilizados em pacientes com aumento de triglicerídeos no sangue. O uso dessas medicações, quando necessárias, também apresenta um papel importante na redução de isquemia do miocárdio, reduzindo a formação de placas nas artérias coronárias.